Uma estratégia, não uma forma.
O projeto do Museu do Vinho em Almendralejo (Badajoz) aparece e assume a dualidade que existe no processo de elaboração do vinho. A ciência e a arte, sistema e acaso, técnica e inspiração são os opostos que constroem, em uma misteriosa, mágica e quase milagrosa forma, um bom vinho.
Os prédios de uma antiga indústria do álcool vão acomodar o museu, tanto área expositiva como áreas de serviço - os lotes de documentos e peças, a administração e o resto do espaço público, a reutilização de seus volumes, aberturas, alturas e vazios de uma forma que o continente -museu em si não seria parte da coleção. A ampliação proposta, que irá abrigar usos adicionais para o museu, varas, encostadas no edifício existente, registrando seus movimentos, texturas, protegendo, envolvendo-os em uma pele de luz e de sombra. Esta construção tem certo grau de imaterialidade oposta à excessiva – mesmo esmagadora - presença e gravidade do edifício reabilitado: uma nova dualidade.
De um modo subversivo, e por meios de uns poucos praticamente códigos genéticos, o novo edifício invade o antigo área de manobra da destilaria, agora transformado em um jardim, e incorporado ao museu, construindo uma camada alternável, vibrante e permeável… Essa camada abriga so passeios pelo museu, permitindo a que as peças recuperadas para ser usado de uma forma completa, sem interrupções. Outros espaços necessários – salas para mostras temporárias, sala de conferência, adega – tomam lugar como acréscimos desses passeios e virado para o exterior.
Desta forma, na zona de acesso ao museu pela cidade, a camada-abrigo se transforma em uma porta que abre esse espaço coberto, uma extensão da rua, para um surpreendente jardim secreto, um pátio disponível para exposições ao ar livre, audiências, terraço, caminhada…, um jardim de vinhas onde ser capaz de observar diferentes variedades e sua poda e colheita…, completando o museu com este elemento vivo, a mesma origem do vinho.
A família resultante de formas vai dar base para a segunda estratégia de subversão, e aqui pode estar sendo vista uma forma de resolução do caso em que vazio e abundâncias vão se mostrar entrelaçados, como se eles fossem pensados ao mesmo tempo. Como resultado, não fica para trás esta forma de assentamento que foi considerada suficiente construindo o perímetro, de forma paralela à rua, onde a construção em si foi considerando o protagonista original, deixando o espaço em torno dela como um espaço vazio: o espaço que à esquerda após a construção.
Então, se algo caracteriza hoje a arquitetura é que o destaque tenha sido depositado no espaço livre, naquele que está entre o construído. Essa modificação radical do pensamento da arquitetura, que está ligada à importância da natureza, à condição cega dos edifícios, para a mutabilidade dos interiores, a sua visibilidade exterior necessária, buscadas neste edifício uma determinada mas serena expressão.
É precisamente esta geometria do comportamento orgânico, isto é, organicamente na sua forma de proceder, o qual direciona imaginar alguns espaços entre os espaços, um conjunto de locais que são unidos por jardins, e pela natureza, em que o conceito de transparência se expande, e interroga-nos no exterior tradicional e senso interior das palavras.
Informação Complementar:
- Empreiteira: Construcciones e Instalaciones Moreno, SL
- Cliente: Conselho de Cultura e Turismo, prefeitura da Extremadura
- Custo da Obra: fase 1 (rehab): 979.625 € / fase 2 (paisagismo): 362.215 €